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IX Congreso - ALAP 2020 Resumo: 10024-1

10024-1

Aplicações de modelos multiestados a partir da PNAD contínua: mercado de trabalho e gênero

Autores:
Cristiane Silva Correa , Jordana Cristina de Jesús , Vanessa Viana da Nóbrega
1 UFRN - Universidade Federal do Rio Grande Do Norte

Resumo:

Ampla é a bibliografia que indica que a condição das mulheres no mercado de trabalho ainda é inserida em um contexto com raízes discriminatórias, entretanto, a maioria expressa tal evidência mediante modelos mais usuais como, por exemplo, regressão logística/probabilística, ou através do método de Sulivan. Tais métodos deixam algumas lacunas no que se refere à estimação da quantidade média de anos que um indivíduo espera permanecer no mercado de trabalho a cada idade, ou falham por não considerarem as informações entre os diferentes estados transitórios no mercado de trabalho, deixando sem respostas perguntas como: Qual é a probabilidade de um empregado formal terminar em outro estado, como no mercado informal ou desempregado/inativo? Por isso, na existência de dados longitudinais, modelos multi-estados tornam-se mais atraentes do que outro tipo de análise, por aproveitar as características e informações dos estados relacionados ao fenômeno estudado, proporcionando um esquema detalhado das tendências e diferenciais na rotatividade da força de trabalho. Diante disto, objetiva-se demonstrar como o método da tábua de vida multiestado pode ser utilizado para melhor representar os diferenciais de gênero no mercado de trabalho brasileiro. Para tanto, adota-se como base de dados a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2016 e 2017, afim de estimar as probabilidades de transições da população na força de trabalho entre o emprego formal, informal e fora destes, bem como o tempo médio de vida esperado em cada um desses estados, excluindo-se os servidores públicos, militares e a população rural. Atualmente, a referida base de dados é a única que possibilita a análise longitudinal sobre a força de trabalho no Brasil, mesmo que seja ainda pouco explorada nesse sentido. Os resultados confirmam a hipótese, de forma mais detalhada, de que as mulheres ainda enfrentam maiores dificuldades do que os homens ao acesso e permanência no mercado de trabalho, principalmente, no formal. Os homens e mulheres vivem em média 20 e 13 anos, respectivamente, empregados formalmente a partir dos 20 anos de idade: um diferencial de 7 anos. E, considerando a maior probabilidade de permanecer no estado da força de trabalho inicial, os resultados também indicam a necessidade de políticas de inserção no mercado de trabalho formal para jovens, especialmente, para mulheres jovens. Por fim, conclui-se que o modelo da tábua de vida multiestado se mostrou eficaz ao que se propõe, mesmo podendo ser aplicado sobre diferentes abordagens. Além disso, o método viabiliza a verificação, por uma diferente perspectiva, da carência de maior suporte por parte do Estado em prover justiça social mediante políticas de redução das desigualdades de gênero, tanto no âmbito familiar, como no privado, principalmente, em tempos atuais de mudança de organização social e familiar.

Palavras-chave:
 Tábua de vida multiestado, desigualdade de gênero, Pnad Contínua