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IX Congreso - ALAP 2020 Resumo: 10049-1

10049-1

Quais os custos da informalidade para os jovens brasileiros e mexicanos?

Autores:
Bárbara Christina Pereira da Silva Carrijo , Marizélia Ribeiro de Souza , Sandro Eduardo Monsueto
1 UFG - Universidade Federal de Goiás, 2 Faculdades Araguaia - Faculdades Araguaia, 3 IF/Iporá - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano Campus Iporá

Resumo:

Objetivos:

O objetivo deste artigo é realizar uma análise comparada dos custos da informalidade e das diferenças salariais entre jovens trabalhadores nos setores formais e informais de Brasil e México. Para tanto são testadas duas hipóteses: 1) existência de uma penalidade em se atuar na informalidade, mesmo depois de controladas as características produtivas; 2) esta penalidade exerce influência sobre a taxa de jovens nem-nem.

Materiais e Métodos:

São usados os microdados da Pnad Contínua e da Enoe entre 2012 e 2019, sobre indivíduos entre 15 e 64 anos, separados em grupos de idade e definindo como jovens os grupos entre 15 e 19 e entre 20 e 24 anos. Para testar a hipótese de existência de penalidade, se utiliza a decomposição de Oaxaca-Blinder, sendo sua proxy o feito preço, ou componente não explicado. A hipótese de relação entre esta penalidade e a formação da geração nem-nem é testada por meio de um modelo de painel.

Resultados principais:

A diferença salarial entre formais e informais aumenta com o avanço da idade nos dois países. Entre os mais jovens, é maior a participação do componente não explicado, evidenciando que a informalidade tem uma penalidade maior no momento de entrada no mercado. Para os brasileiros, a penalidade tem maior peso até a faixa etária dos 34 anos, enquanto para os mexicanos esse efeito é superado por volta dos 24 anos de idade, com uma tendência quase contínua de redução de sua importância.

A penalidade entre os mais jovens pode ser efeito da falta de experiência ou treinamento. Além disso, o reduzido estoque de educação empurra os jovens menos qualificados para atividades informais. A participação crescente deste componente ao longo do ciclo de vida indica que aqueles que entram na informalidade com uma baixa qualificação dificilmente retornam aos estudos, perpetuando a mais baixa produtividade e remuneração inferior. Isso fornece mais uma evidência sobre a necessidade de se incentivar constantemente o processo de acúmulo de capital humano, principalmente na fase mais jovem.

Os resultados também confirmam que, ao menos no caso brasileiro, a penalidade atua no sentido de aumentar a proporção de jovens nem-nem, evidenciando que a remuneração inferior na informalidade, mesmo controlando por características produtivas, se constitui em fonte de desmotivação para o jovem seguir com os estudos ou entrar no mercado de trabalho. Para o caso mexicano, os resultados são ainda inconclusivos, provavelmente devido à forte influência do processo de imigração como alternativa à informalidade.

Conclusões:

A informalidade possui um duplo custo entre os mais jovens. De um lado, tem remunerações inferiores, mesmo controlando por fatores produtivos, impactando diretamente sobre o jovem trabalhador. Por outro lado, essa desigualdade gera uma desmotivação entre os novos trabalhadores, contribuindo para a manutenção da denominada geração nem-nem.

Palavras-chave:
 Informalidade, Jovens, Diferença Salarial