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Olhando para trás: fecundidade na adolescência entre mulheres de duas coortes de 29 a 33 anos no brasil
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Autores: |
Adriana Miranda-Ribeiro , Andrea Simão , Paula Miranda-Ribeiro
1 Brasil - Cedeplar/UFMG
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Resumo:
A gravidez na adolescência é um fenômeno comum no Brasil. Na verdade, o fato das mulheres brasileiras engravidarem logo no início de sua vida reprodutiva não era algo surpreendente em décadas passadas. No entanto, apesar da gravidez na adolescência não se caracterizar como um fenômeno recente no cenário brasileiro, somente nas décadas mais atuais é que se observa uma inserção maior do tema nas discussões e produções acadêmicas, bem como na agenda das políticas sociais do país. Em geral, os discursos sobre a gravidez na adolescência assumem um tom alarmista e moralista, associando o evento à pobreza, à marginalidade social e à desestruturação familiar. Adicionalmente, além de vincularem a gravidez na adolescência a uma série de riscos sociais, médicos e psicológicos, a relacionam com situações de imaturidade, instabilidade e crises incompatíveis com os novos papéis sociais demandados pelo evento, ou seja, de pais e mães.
Embora as divergências a respeito das conseqüências da gravidez e maternidade na adolescência marquem a literatura sobre o tema, pouco tem sido feito para explorar os efeitos desse fenômeno investigando a realidade de mulheres que tiveram um filho enquanto ainda eram adolescentes. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar mudanças e permanências em características socioeconômicas e demográficas de mulheres, pertencentes a duas coortes diferentes de nascimento, que tiveram o primeiro filho antes dos 20 anos de idade. As características dessas mulheres serão comparadas com as de mulheres da mesma geração, mas que não tiveram filho antes de chegarem aos 20 anos. É possível observar diferenças entre as que tiveram filho na adolescência e aquelas que não tiveram? Se sim, quais são as diferenças?
Para realizar esse estudo serão utilizadas histórias de nascimentos reconstruídas a partir dos dados dos Censos Demográficos do Brasil de 1980 e de 2010. São objeto de estudo, as mulheres que, em 1980 e 2010 tinham entre 30 e 39 anos que declararam ter tido filho nascido vivo; os grupos de comparação são compostos por: a) mulheres que tiveram o primeiro filho entre 15 e 19 anos e; b) mulheres que tiveram o primeiro filho entre 20 e 29 anos. A estratégia de analisar as histórias reprodutivas a partir dos censos de 1980 e de 2010 permite observar períodos distintos da transição demográfica. A expectativa é de que as mulheres que foram mães adolescentes no primeiro período analisado tenham características distintas daquelas do segundo período.
Palavras-chave:
Fecundidade, Fecundidade na adolescência, Brasil
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