Objetivo: investigar a relação entre a contribuição da mão de obra para a geração de valor da empresa e a capacidade da mesma de gerar postos de trabalho de melhor qualidade.

Fontes e métodos: são combinados os dados de empresas de capital aberto e de contratos de trabalho dessas organizações, das fontes de dados Economatica e RAIS, do ano de 2017 no Brasil. Dessas informações, são calculados o coeficiente de valor adicionado intelectual (CVAI), verificados como esses fatores afetam a qualidade do emprego, medida por meio do indicador de qualidade do emprego (IQE). Se utiliza um modelo simples de regressão, onde a qualidade do emprego aparece em função destes indicadores e outras variáveis de controle.

Resultados: há um distanciamento entre a geração de valor (empregado) e o acúmulo e distribuição de valores (acionistas). Essa questão não se justifica por falta de informações financeiras sobre ações desenvolvidas junto aos funcionários, que podem ser encontradas nos relatórios financeiros e de sustentabilidade que as empresas disponibilizam para a sociedade anualmente. Dentro da estrutura das firmas, estas se beneficiam das habilidades dos funcionários, como know-how, inovação, conhecimento de mercado com o intuito acumular valor, relação captada pelo CVAI. Contudo, não se evidencia uma relação circular, ou seja, a instituição não repassa ao empregado parte desta contribuição. Por fim, o ativo total, proxy para o tamanho da empresa, mostra que os melhores postos de trabalho podem ser mais prováveis de serem encontrados nas firmas maiores.

Conclusões:  este estudo tem por objetivo verificar se as empresas retornam ao trabalhador parte de sua contribuição na forma de melhores empregos, contudo, os resultados obtidos não permitem validar totalmente essa hipótese, sendo observada em apenas um dos quatro modelos estimados. Em outras palavras, as companhias com maiores níveis de capital intelectual não possuem altos níveis de qualidade de trabalho. Como limitação deste estudo, têm-se a dificuldade para a coleta de dados e a parametrização das informações para a todas as empresas, pois lidou-se com duas bases de dados de amplitudes diferentes. Para pesquisas futuras, sugere-se analisar os indicadores pela ótica das desigualdades, como, por exemplo, gênero e aspectos socioeconômicos da população.

Palavras-chave: Trabalho decente, Indicadores, Regressão.