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IX Congreso - ALAP 2020 Resumo: 10249-1

10249-1

A receptividade dos brasileiros à migração venezuelana: o tipo ideal de imigrante

Autores:
Emily Barbosa , Mariana Fonseca
1 Brasil - Universidade de Brasília

Resumo:

A Venezuela tem passado por um contexto de agravamento econômico e instabilidade política. O aumento da inflação, do desemprego e o caos no acesso aos serviços públicos fez com que vários venezuelanos deixassem seu país de origem em busca de condições melhores de vida. As cidades ao norte do Brasil têm sido as principais receptoras desse fluxo migratório. Entretanto elas têm tido muita dificuldade em fazer a acolhida dos migrantes. O governo estadual de Roraima decretou estado de calamidade pública, o que chamou a atenção dos órgãos federais para a situação. A resposta foi instituir a Operação Acolhida, programa de cooperação entre as Forças Armadas e agências humanitárias internacionais, para promover os primeiros atendimentos aos imigrantes e inseri-los em um processo de interiorização. As ações realizadas pelo governo federal, forças armadas e organizações não-governamentais foram publicizadas no Facebook por meio da hashtag #OperacaoAcolhida, mas esta tem dividido opiniões, tanto do governo quanto das comunidades receptoras.
Tendo em vista essa situação, este artigo teve como objetivo captar em que medida as redes sociais são utilizadas como meio de informação das atividades de acolhimento, por parte das agências humanitárias e do Estado brasileiro. Além de perceber a receptividade dos brasileiros e compreender as suas motivações, além das percepções das comunidades que abrigam o projeto de acolhimento sobre ele e sobre os imigrantes.
A hipótese que motiva a pesquisa é que, na verdade, os discursos propagados pela maioria da população não se tratam de afirmações xenófobas propriamente. Mas sim uma narrativa que se apresenta primeiro como uma aporofobia (CORTINA, 2017). A baixa receptividade ao migrante venezuelano estaria ligada ao fato de que ele não se encaixa no “tipo ideal” estabelecido no imaginário das pessoas, por se tratar de uma raça não-branca e de pessoas que chegam ao Brasil já sem condições de subsistência.
A pesquisa foi realizada durante o período de um ano - de 01 de março de 2018 a 01 de março de 2019 - por meio de análise qualitativa e quantitativa dos comentários de usuários do Facebook em postagens relativas à Operação Acolhida. A coleta de dados foi feita utilizando o aplicativo Netvizz nas páginas das três Forças Armadas, da Organização Internacional de Migração (OIM) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

Palavras-chave:
 migração, venezuela, aporofobia