Objetivo: Estimar as taxas de internação por doenças do aparelho circulatório e neoplasias durante o período de pandemia, estipulando um período de análise dos meses de abril a junho, comparando com a tendência histórica de 2011 a 2019, para os mesmos meses, para o estado de Minas Gerais, para a população masculina e feminina com 60 anos ou mais. Métodos: Foram utilizados dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), utilizando informações das doenças do aparelho circulatório, capítulo XX, e neoplasias capítulo II. Foram calculadas taxas brutas padronizadas da população com 60 anos ou mais, para homens e mulheres, usando a estrutura etária de Minas Gerais de 2020, de ambos os sexos, como padrão para cálculo da padronização direta. A análise estatística foi feita por meio das mudanças percentuais comparativas entre os anos e por meio dos modelos de regressão de Prais-Winsten, específicos para análises temporais, com 95% de confiança. Resultados: Em 2020 as taxas de internação padronizadas foram 65,7 por 10 mil habitantes para homens e 46,2 por 10 mil habitantes para mulheres, uma queda percentual de 29,7% e 39,9%, respectivamente, em relação a 2011. Comparando 2019 com 2011, as quedas para homens e mulheres foram de 17,2% e 25,5%, respectivamente, evidenciando uma mudança em maior nível. Observando os modelos, tanto para homens quanto para as mulheres, a tendência temporal das taxas já era decrescente até 2019, se tornando ainda com a incorporação dos dados de 2020, ao se analisar os coeficientes. No que tange as taxas por neoplasias, comparando o início da série, o ano de 2011 com 2020, houve um aumento percentual, em função da baixa taxa no primeiro ano. No entanto, as taxas de todos os demais anos são inferiores as de 2020, tanto para homem quanto para as mulheres, apresentando relevantes diferenças ao se comparar com o último ano. Os resultados da regressão evidenciaram o peso das taxas de 2020. Tanto para homens quanto para as mulheres a tendência era de crescimento de 2011 até 2019, p-valores de 0,032 e 0,017, respectivamente, com coeficientes positivos. Com a inserção dos dados de 2020, a tendência se tornou estacionária, com p-valores igual a 0,673 e 0,683, respectivamente para homens e mulheres, e os coeficientes se tornaram próximos de zero, evidenciando o papel das taxas desse ano na redução da tendência até então observada.Conclusão: Os resultados do estudo indicam um efeito da pandemia em outros aspectos de saúde da população de Minas Gerais. O medo da pandemia em si, as determinações de isolamento social e a capacidade técnica das instituições de saúde voltada para o cuidado dos indivíduos acometidos pela doença, apresentou repercussões nas internações por outras causas de adoecimento, como as do aparelho circulatório e as neoplasias.