| IX Congreso - ALAP 2020 | Resumo: 10369-2 | ||||
Resumo:Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (2020), a região das Américas acumula mais de 13 dos 25 milhões casos de COVID-19 no mundo. O Brasil já acumula 4 milhões de casos e 124 mil óbitos, sendo o segundo país no mundo em número de casos e óbitos. A crise causada pela pandemia joga luz à importância do trabalho de cuidado para a reprodução social. Esta inclui as atividades diárias que são majoritariamente designadas às mulheres, como trabalho doméstico, cuidado físico e emocional e outras atividades para suprir às necessidades humanas. No mercado de trabalho, as mulheres estão sobrerepresentadas nas ocupações relacionadas ao cuidado e nos serviços essenciais e, consequentemente, estão em grande medida atuando na linha de frente no combate ao COVID-19 no mundo todo. A pandemia de COVID-19 exerce um impacto econômico e sanitário negativo significativo e também evidencia de forma contundente desigualdades sociais persistentes, tais como aquelas que remetem à divisão sexual do trabalho, que nesse atual contexto pandêmico acentua as pressões sociais sobre o trabalho que é desempenhado majoritariamente pelas mulheres. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo a discussão acerca da divisão sexual do trabalho refletindo sobre que tipo de impactos podemos esperar da pandemia de COVID-19 tendo em vista as configurações da alocação de tempo nos afazeres domésticos e de cuidado antes da pandemia. Para essa discussão serão utilizados os dados sobre “Outras formas de trabalho” disponíveis na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, para o ano de 2019. Os resultados evidenciam que há significativos diferenciais entre os sexos e grupos de renda na realização de afazeres domésticos e cuidados. Além disso, há uma forte relação da realização de cuidados com as fases de início e expansão do ciclo de vida familiar, com formação da união e presença de crianças pequenas no domicílio. Esses resultados nos ajudam a refletir sobre os impactos da COVID-19 na organização doméstica. O isolamento social acarreta um aumento considerável do trabalho doméstico, com uma maior demanda por limpeza, manutenção e preparação de refeições. O fechamento das escolas aumenta as demandas por cuidado e o trabalho doméstico derivado das atividades de entretenimento e atenção para as crianças. O ensino remoto também implica em um desafio de acompanhamento e supervisão das atividades educacionais. Sem uma distribuição mais igualitária nos domicílios, haverá uma sobrecarga ainda maior para as mulheres. É necessário que as estatísticas de uso do tempo busquem dimensionar as mudanças ou permanências que a pandemia trouxe na distribuição dos afazeres domésticos e de cuidados. Além disso, a formulação de políticas públicas que atendam a população mais vulnerável é necessária não só durante a pandemia, mas também até o país se recuperar dessa profunda crise que pode demorar a passar. Palavras-chave:
trabalho doméstico, cuidados, divisão sexual do trabalho
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