| IX Congreso - ALAP 2020 | Resumo: 10377-1 | ||||
Resumo:A nova onda da imigração brasileira em Portugal: notas preliminares
A história das migrações entre Portugal e Brasil tem sido longa e variada. Mais de cinco séculos de relações entre os dois territórios, contextos políticos e administrativos diversos, ciclos de expansão e retração económica sucessivos, complexas redes sociais entre os dois países, inserção num sistema mundial comum – tornam os fluxos migratórios nos dois sentidos muito complexos e diversos, testemunhos de épocas históricas que se vão sucedendo. A noção de sistema migratório já foi por mais de uma vez utilizada para explicar a riqueza e o potencial sempre renovado dos movimentos de pessoas entre os dois países. Por vezes os fluxos são abundantes, outras mais reduzidos; por vezes dirigem-se mais ao Brasil, outras vezes a Portugal. Mas, ao longo do tempo, não desaparecem.
Após o impacto da crise econômica mundial de 2008 que alterou de forma profunda os fluxos migratórios internacionais e em particular entre Brasil e Portugal, fazendo uma reversão de tendencias com a chegada ao Brasil de imigrantes portugueses e brasileiros retornados, os últimos anos marcaram uma nova alteração, que levou ao que já se designou como “quarta onda” da migração brasileira para Portugal. Ao final do período de intervenção da “troika[1]” sucedeu também, em 2015, o início de um novo ciclo político. A partir dessa data foram crescentes os sinais de crescimento económico, com expansão do emprego e diminuição do desemprego. No mesmo período a imigração voltou a aumentar em Portugal, com claro destaque para a proveniente do Brasil. Os fluxos demonstraram, desta vez, uma ainda maior diversidade do que na onda anterior. Em lugar de um padrão no qual predominava o projeto migratório, na maioria dos casos individual, tendo o Brasil como referência para o futuro retorno, observa-se no presente a migração de famílias inteiras, de aposentados e de investidores que têm o projeto de se fixar em Portugal de forma definitiva.
O objetivo deste artigo é realizar uma análise preliminar do fluxo mais recente de brasileiros para Portugal, iniciado em 2015. A escassez de dados estatísticos e a ausência de estudos aprofundados tornam difícil uma leitura extensiva e completa. Por isso, o objetivo deste texto é mobilizar e interpretar diversas fontes estatísticas, bem como divulgar os resultados de algumas entrevistas realizadas a representantes institucionais e a cerca de três dezenas de imigrantes, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020. A conjugação da informação estatística com as entrevistas permite um primeiro retrato dos novos movimentos.
[1] Troika é a designação atribuída à equipa composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Palavras-chave:
Migração brasileira, migração para Portugal, redes migratórias
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