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IX Congreso - ALAP 2020 Resumo: 10421-1

10421-1

Migração intrametropolitana, raça e segregação na região metropolitana de São Paulo (Brasil)

Autores:
Danilo Sales do Nascimento França , José Marcos Pinto da Cunha
1 NEPO-Unicamp (Brasil) - Núcleo de Estudos de População Elza Berquó - Universidade Estadual de Campinas, 3 AFRO-CEBRAP (Brasil) - Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial

Resumo:

Pesquisas anteriores evidenciaram padrões raciais de segregação residencial na região metropolitana de São Paulo. Mais especificamente, destacou-se que é baixa a segregação racial entre os mais pobres, mas há significativo crescimento nos valores dos indicadores de segregação entre negros e brancos nas camadas médias e altas. Os brancos de classes médias e altas estão desproporcionalmente concentrados em áreas residenciais mais centrais e elitizadas, distanciando-se dos negros com semelhante posicionamento social, que têm forte presença em localidades periféricas. No entanto, tais resultados consistem num registro estático dos padrões de segregação residencial por raça existentes no momento do Censo de 2010, isto é, não nos informam sobre dinâmicas de mudanças de residência que contribuem para conformar os contornos de segregação identificados. Tais dinâmicas podem ser aprofundadas através de estudos sobre fluxos migratórios intrametropolitanos. O presente trabalho explora os diferenciais raciais nos fluxos migratórios internos à região metropolitana de São Paulo a partir de dados do Censo de 2010. Para tanto, lança mão de estratégia empregada em pesquisa recente na qual os 39 municípios que compõem a região metropolitana foram classificados em polo, subpolo, periferias elitizadas, periferias tradicionais próximas e periferias tradicionais distantes. A análise comparativa dos locais de destino de negros e brancos revelou significativas discrepâncias raciais uma vez que há sobrerrepresentação de brancos dentre os que migram para o município-polo, subpolos e para periferias elitizadas; e sobrerrepresentação de negros dentre aqueles que têm como destino as periferias tradicionais, próximas e distantes. Tais disparidades não podem ser explicadas apenas pelo posicionamento dos indivíduos na estratificação social, uma vez que os desequilíbrios se mantêm quando comparamos os destinos migratórios de negros e brancos em condições sociais, como realização educacional ou inserção ocupacional, semelhantes. Estes padrões migratórios, se continuarem exibindo as características evidenciadas em nosso estudo, devem resultar num recrudescimento da segregação por raça já identificada na metrópole. Ademais, se levarmos em consideração a tendência de “dispersão da metropolização”, poderemos esperar que a segregação racial deverá se manifestar mais fortemente através da diferenciação entre os municípios periféricos.

Palavras chave: migração intametropolitana, raça, segregação residencial.

Palavras-chave:
 Migração intrametropolitana, raça, segregação residencial