De acordo com a teoria da Transição Epidemiológica, as causas de mortes infecciosas e parasitárias, causadoras de pandemias capazes de dizimar grandes proporções da população nos países atingidos, foram pouco a pouco substituídas pelas doenças crônicas e degenerativas, pelas neoplasias e doenças provocadas pelo homem (OMRAN, 2005). A tuberculose, que chegou a ser responsável por 25% dos óbitos na Europa no século XVIII (DUTT; STEAD, 1993), estaria entre as enfermidades consideradas superadas atualmente. Porém, não é o que se observa no Brasil. De acordo com Prata (1992), o país viveria um estágio intermediário da Transição Epidemiológica, caracterizado pela incidência de doenças características de países desenvolvidos, como doenças do aparelho circulatório e neoplasias, e a persistência de outras como a dengue, a malária e a tuberculose. Em 2016 foram registrados 10,4 milhões de novos casos, o que corresponde a uma taxa de 140 novos casos por 100 mil habitantes. O objetivo número 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU agrupa as metas relacionadas às condições de saúde e bem-estar da população. Entre os indicadores definidos, o 3.3.2 faz referência à incidência de tuberculose por 100 mil habitantes. A ONU preconiza como meta que essa taxa tenha uma redução de 80% até 2030 e de 90% até 2035. Na adaptação da meta feita pelo Brasil, não há percentual definido de redução, mas apenas a previsão de que essa doença deixe de ser um problema de saúde pública. A partir de dados do SINAN de 2001 a 2018, foi elaborado um modelo Poisson dinâmico para prever a incidência de tuberculose no País. Os resultados evidenciam que não há tendência de queda dos novos casos dessa doença, o que impediria o Brasil de atingir a meta definida no ODS.