Embora haja muitos estudos sobre o processo imigratório português para o Brasil, a cidade de São Paulo tem se destacado por um considerável número de estudos, assim como o Rio de Janeiro. Durante a pesquisa bibliográfica para esta pesquisa constatamos que praticamente inexistem trabalhos que trataram ou que estejam focalizando o caso de imigrantes lusitanos para o interior do território brasileiro, de tal modo que elegemos Campinas como cidade dessa categoria, e assim propomos o recorte do período em três momentos. A primeira etapa estudada, chamada de período pré-imigratório (1822-1876), foi caracterizada pela formação de uma comunidade lusitana capaz de fundar a Sociedade Portuguesa de Beneficência, em 1873, a fim de garantir o cuidado e a saúde desse grupo. A segunda etapa correspondeu ao estudo da fase áurea da grande imigração em massa (1877-1904) e que redundou na construção da Hospedaria de Campinas. Finalmente, a terceira etapa (1905-1920), que é a fase de crise da grande imigração que foi permeada pelo contexto da primeira guerra (1914-1918). Essa proposta de um estudo centrado apenas em um grupo de imigrantes, no caso específico os portugueses, permitirá um olhar mais atento e focado no grupo, quando poderemos avaliar como a presença, ou não, institucional, política e social do Estado Lusitano influenciou no estabelecimento dos padrões de comportamento da população instalada no território brasileiro. E mais, permite avaliar até que ponto os agenciamentos das redes de apoio, familiares sobretudo, foram importantes no processo de fixação de uma colônia lusitana em Campinas. Este objetivo justifica-se pela contribuição fundamental que pode oferecer para a compreensão e entendimento de uma sociedade tão complexa, uma vez que estaremos atentos às influências do espaço europeu sobre a realidade do território brasileiro, além de procurar na especificidade do caso brasileiro, que manteve durante todo o Império a exploração do trabalhador escravizado ao lado do trabalhador imigrante e livre. Assim, as problemáticas que se originaram neste continente como consequência dos diferentes processos de mestiçagem, proporcionarão condições para conhecermos como os imigrantes portugueses se inseriram na sociedade campineira, sobretudo em relação à constituição dos laços familiares por meio do casamento. De maneira prática, o objetivo geral será alcançado pela investigação das organizações familiares associadas aos regimes demográficos que vigoraram em Campinas (São Paulo – Brasil) ao longo do século XIX, discutindo o papel do imigrante português nesta sociedade. Tal objetivo tem como quadro teórico os estudos dos movimentos migratórios, assim como estudos de população e família, calcados no aporte metodológico da demografia histórica. As principais fontes para a realização desse estudo são os Registros Paroquiais de casamentos para o período de 1822-1888, e os Registros Civis de matrimônio de 1874-1920.