| IX Congreso - ALAP 2020 | Resumo: 10458-2 | ||||
Resumo:Nos últimos vinte e cinco anos, o Brasil passou por transformações sociais importantes. A estabilização econômica – aliada a programas sociais de erradicação da fome e redução da pobreza extrema – foi também acompanhada de políticas de universalização do acesso à educação e expansão do sistema universitário. As novas gerações foram diretamente beneficiadas por essas mudanças, seja porque as condicionalidades dos programas sociais exigiam como contrapartida a permanência de crianças e adolescentes no sistema escolar, seja porque a bonança econômica e oferta de empregos mais estáveis durante os anos finais do século XX e a primeira década do século XXI, permitiram às famílias investir na educação dos filhos. Este cenário favorável moldou experiências que facilitaram o surgimento de novas aspirações, valores e expectativas frente ao futuro. É amplamente aceito que o investimento dos anos de juventude em escolarização e construção da carreira exige em grande medida o adiamento das chamadas transições familiares. Segundo a visão socialmente hegemônica, é necessário esperar “a hora certa” para a formação do par conjugal e para o nascimento dos filhos. Esse momento ideal para constituir família é comumente entendido como posterior à autonomia financeira via obtenção de um emprego fixo e condizente com o estilo de vida idealizado pelos sujeitos. É plausível supor que expectativas elevadas de mobilidade social em alguns casos, ou a impossibilidade de manter determinado padrão de consumo em outros, levem a uma constante postergação da formação de família, ou ainda à sua completa supressão dentro do projeto de vida de homens e mulheres. Embora estejam bem documentados os diferenciais no comportamento da fecundidade e da nupcialidade segundo nível educacional alcançado pelos indivíduos, permanece uma incógnita se aqueles que são a primeira geração de suas famílias a conquistar um diploma universitário se adequam rapidamente aos padrões familiares típicos do grupo social no qual estão ingressando; ou se, pelo contrário, eles mantêm traços característicos do seu grupo social de origem; ou ainda, se a mobilidade implica no desenvolvimento de padrões de nupcialidade e fecundidade sui generis. Seguindo essa linha de raciocínio, caberia perguntar: existem especificidades no grupo daqueles que conquistaram mobilidade educacional intergeracional ascendente? Seriam eles mais propensos a não terem filhos do que os demais? Tenderiam mais ao casamento formal, justamente por que casar poderia significar maior status e simbolizar êxito pessoal e econômico? Ou na realidade seria justamente o oposto, tenderiam mais à união consensual, historicamente mais presente e aceita em seu grupo social de origem? O presente artigo procura explorar essas questões a partir do suplemento sobre mobilidade social e variáveis de estrutura familiar presentes na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Palavras-chave:
Mobilidade educacional intergeracional, nupcialidade, família
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