No século XXI, as regiões Sul e Sudeste do Brasil se mantêm como importantes espaços das migrações internacionais, mas passam a contemplar cada vez menos da diversidade dos processos em curso, com o avanço das migrações fronteiriças e a inserção de novos espaços das migrações para além dos grandes centros urbanos. Com a retomada do crescimento econômico pelo Brasil, entre os anos de 2003 a 2014, assistiu-se à inserção de novos espaços produtivos e outras hierarquias de poder, como é o caso da região Nordeste, caracterizada historicamente por perdas populacionais para áreas mais prósperas do país mas, em anos recentes, desponta no cenário de dispersão da atividade industrial, comercial, serviços e atração de imigrantes internacionais. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar as principais características da recente imigração internacional para o Nordeste. As informações são provenientes notadamente de distintos registros administrativos, como o Sistema Nacional de Cadastros e Registros de Estrangeiro (SINCRE), Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Os principais resultados apontam para a crescente presença de imigrantes internacionais na região Nordeste, marcado por uma composição heterogênea desse fluxo. De um lado, de 2004 até 2010, constata-se forte presença de imigrantes europeus e, de outro lado, uma migração recente, com o protagonismo das relações Sul-Sul, com novas modalidades migratórias (refugiados e solicitantes de refúgio), com destaque para os venezuelanos e guineenses.