O estudo aborda um fenômeno social e demográfico com frequência negligenciado nas discussões sobre políticas públicas e população no Brasil e na América Latina: o crescente descolamento entre as taxas de mortalidade específicas de mulheres e meninas e de homens e meninos. Um fenômeno multidimensional que agrega fatores comportamentais, biológicos e sociais, a sobremortalidade masculina, ou SMM – medida pela razão entre as taxas específicas de cada sexo – custou 193.825 vidas no Brasil em 2017. Em sua análise do fenômeno, o artigo começa apresentando a SMM, sua história e as diferentes causas de mortalidade que nela impactam. Em seguida, resume as explicações dadas ao fenômeno pelas principais correntes teóricas que o abordam especificamente. Tal resumo, por sua vez, leva a uma breve descrição de algumas consequências sociais e demográficas da SMM, descrição essa que leva a um resumo das políticas públicas existentes de enfrentamento ao problema. Por fim, uma conclusão busca investigar alguns motivos pelos quais a SMM, apesar do claro dano social que causa, não entra na agenda política como um problema público específico.